Pular para o conteúdo principal

Não era bem assim...

12/03/2009 - 20h38
CNBB afirma que arcebispo de Olinda não excomungou envolvidos no aborto de criança em PE
Da Agência Brasil
Em Brasília
O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, afirmou hoje (13) que o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, não excomungou nenhum dos envolvidos no aborto da menina de 9 anos violentada em Alagoinha (PE). Segundo Barbosa, o arcebispo apenas lembrou uma norma existente no direito canônico. Segundo o secretário, o estupro não é punido com excomunhão porque não está previsto nas leis da igreja.
Dom Dimas Lara Barbosa lembrou que a prática do aborto ocasiona excomunhão instantânea. "Em alguns casos especiais, se prevê esse tipo de pena, em que a pessoa pelo simples fato de cometê-lo, se coloca fora da comunhão", disse, após o encerramento da reunião do Conselho Permanente da entidade.

"As pessoas que trabalham contra o nascituro, conscientemente, se colocam fora da comunhão da igreja, porque elas já não comungam com o pensamento cristão, que é em defesa da vida", afirmou Barbosa.

Barbosa preferiu não opinar sobre a excomunhão das pessoas envolvidas no aborto. "Não sabemos quem tinha consciência ou não do ato", disse. Entretanto, para ele, a pessoa menos responsável é a mãe da menina, pois ela agiu sob pressão ao autorizar o aborto.

O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou que a excomunhão não tem relação com condenação eterna. "Excomunhão não é sinônimo de condenação ao inferno. Digo isso por causa do imaginário popular, quando alguém é excomungado parece que foi condenado ao inferno." Ele explicou que o ato de excomungar alguém é a punição de um delito e pode ser reconsiderado pela igreja se a pessoa não infligir novamente o código canônico.

Segundo ele, a repercussão da excomunhão dos médicos envolvidos mudou o foco da situação e esvaziou o debate da sociedade. "Esse aspecto tão repugnante do que foi o crime praticado, se diluiu diante da história da excomunhão", disse.
-
12/03/2009 - 18h32
Para CNBB, excomunhão não vale para mãe de menina estuprada por padrasto
Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Dirigentes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) afirmaram nesta quinta-feira que a mãe da menina de 9 anos que foi estuprada pelo padrasto em Alagoinha (PE) não foi excomungada pela Igreja Católica depois que a criança foi submetida a aborto para interromper a gravidez, no início deste mês. Apesar de o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, ter declarado a excomunhão da mãe, a CNBB entende que ela não deve ser penalizada. O Vaticano também defendeu a excomunhão da mãe da garota.

Em relação aos médicos que realizaram o aborto, também excomungados pelo arcebispo, a CNBB diz não ter elementos para analisar a sua condenação porque considera que somente a "consciência individual" de cada um pode estabelecer eventuais punições pelos seus atos. "Cada um sabe se foi excomungado ou não", disse o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.

Apesar de o arcebispo não ter excomungado o padrasto responsável pelo estupro da criança, a CNBB considera que ele cometeu um pecado mortal --o que automaticamente lhe afasta da igreja caso o ato tenha sido cometido com o seu consentimento.

Os dirigentes da CNBB interpretaram as excomunhões anunciadas por dom José como um "desabafo" feito em meio à gravidade do caso, mas evitaram censurá-lo publicamente. O anúncio das excomunhões, na avaliação dos dirigentes da CNBB, foi necessário para alertar a população de que o aborto não deve se tornar uma prática comum em todo o país.

"O seu grito e o seu desabafo [de dom José Cardoso] em tom de excomunhão em nenhum momento se dirigiu às vítimas, mas aquelas pessoas que acham que matar seres humanos é uma solução para casos como este. Para quem persegue as criancinhas, vale a pena da excomunhão", disse dom Dimas.

Na opinião do secretário da CNBB, o arcebispo não "excomungou ninguém" porque "apenas lembrou uma norma em que a pessoa se coloca fora da igreja ao cometer um determinado ato". Dom Dimas entende que a mãe da criança não pode ser excomungada porque agiu sob pressão ao autorizar o aborto dos netos. A garota estava grávida de gêmeos. "O medo de perder a própria filha lhe levou a apoiar esse ato", disse.

Pelo Direito Canônico, o aborto está entre os crimes cuja pena é a excomunhão --penalidade máxima prevista Igreja Católica que impede os excomungados de participar de qualquer sacramento, embora eles não estejam banidos de participar de celebrações, como missas.

"Às vezes a excomunhão existe para chamar atenção para a gravidade do ato. O aborto traz consigo essa pena porque está se diluindo a gravidade do aborto até mesmo entre os cristãos. Quem viola isto, se coloca fora da comunidade eclesial", disse o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha.

Estupro

O presidente da CNBB disse que o estupro não é um crime penalizado com a excomunhão uma vez que toda a população sabe da sua gravidade. "O estupro é uma coisa tão repugnante que a igreja não precisa chamara atenção para ele, está na consciência de todos. O aborto não, por isso a excomunhão não é só para punir, mas para que quem praticou o ato possa perceber a gravidade e buscar sua reconciliação", afirmou dom Geraldo.

Apesar de não estar penalizado com a excomunhão, a CNBB considera que o estuprador ao cometer a violência de forma consciente já se exclui automaticamente da vida litúrgica. Da mesma forma, a entidade considera que médicos e profissionais da saúde que praticam "deliberadamente" o aborto estão automaticamente excomungados da Igreja Católica.

Polêmica

O arcebispo de Olinda e Recife causou polêmica ao afirmar que o suspeito de ter estuprado a menina de 9 anos em Alagoinha não deveria ser excomungado pela Igreja Católica. Grávida de gêmeos, a vítima foi submetida a uma cirurgia para interromper a gravidez no início de março. Após o aborto, médicos que participaram do procedimento e a mãe da menina foram excomungados.

O padrasto, que foi preso sob suspeita de ter estuprado a menina, confessou à polícia que abusava sexualmente dela e da irmã mais velha, de 14 anos, que possui problemas mentais, há cerca de três anos, afirma a polícia. De acordo com dom José, no entanto, para a Igreja Católica, o aborto é um "crime mais grave que o estupro".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tá escrito na bíblia?

Este blogue nasceu da indignação com a condenação da Igreja Católica à mãe e aos médicos que ajudaram no aborto de uma menina de 9 anos no Recife. O padrasto, que abusava da menina desde os 6 anos, não foi objeto de excomunhão que é, até onde sei, a mais grave punição aplicada pela Igreja que se diz fundada por ordem de Cristo. Espero que este espaço ajude na troca de informações sobre os absurdos que ainda existem em pleno século 21 sobre esta e outras igrejas e religiões. Comecei hoje a enviar meu pedido de excomunhão aos sítios da CNBB e da Igreja Católica (www.catolico.org.br). Em breve coloco aqui se obtive sucesso no meu pleito. Se você souber de um caminho mais rápido para conseguir a anulação do sacramento da comunhão, deixe um comentário que publico depois. um abraço, Bruno Lourenço Reis Brasília-DF batizado em 1972, 1ª comunhão e crisma na década seguinte e, quem sabe, excomungado em 2009.

Globo.com

Arcebispo diz que suspeito de violentar menina não pode ser excomungado Religioso condenou mãe e médicos envolvidos em aborto. Imprensa italiana diz que Vaticano apoia decisão. Do G1, com informações do Jornal Hoje O caso da menina de 9 anos que interrompeu a gravidez de gêmeos causou comoção e revolta. A repercussão foi ainda maior pela reação da Igreja Católica ao aborto provocado pelos médicos. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe e a equipe médica envolvida no procedimento. Nesta sexta-feira (6), o arcebispo disse que o padrasto, suspeito de violentar a menina e ser pai dos bebês, não pode ser excomungado. "Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão", afirmou Sobrinho. "Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente." A equipe que participou do aborto está recebendo e-mails de médicos do país inteiro. Foram mais de 500 mensa

Estado de S. Paulo

Jornais, Igreja e Estado Carlos Alberto Di Franco Tamanho do texto? A A A A O Brasil é um país de expressiva maioria católica. A informação de religião, portanto, merece atenção especial. A quantidade da informação religiosa, em geral, é bastante razoável. Alguns riscos, no entanto, ameaçam a qualidade da cobertura jornalística. Sobressai, entre eles, a falta de especialização, o razoável desconhecimento técnico e, reconheçamos, certa dose de preconceito. Acresce a tudo isso o amadorismo, o despreparo e a falta de transparência da comunicação eclesiástica. Recentes episódios, lamentáveis, evidenciam a urgente necessidade de profissionalização da comunicação institucional da Igreja. A Igreja Católica, instituição de grande presença e influência na agenda pública brasileira, é sempre notícia. Trabalhar a informação religiosa com rigor e isenção é um desafio. Muitas vezes ganhamos. Outras, perdemos. Em sua primeira viagem à África, o papa Bento XVI reafirmou a oposição da Igreja ao uso